"Scaramuccia"
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"Scaramuccia", levada a cena ontem à noite, no penúltimo dia do Festival de Teatro de Máscaras de Lisboa, é uma Comédia Romanesca desenhada para um cenário medievo e recôndito, algures no centro de França, em que as personagens se degladiam por amores escondidos e extremamente disputados.
À entrada, foi-nos dispensado o pagamento do ingresso, provavelmente por afectos dedicados à causa, sob a advertência de que a Peça se reproduzia em francês.
Uma encenação que se prolonga por 2 horas e de que nunca se sente o desejo do fim. Recheada de música, coreografias e danças de Côrte, fez-nos abstrair do nosso tempo e regressar a ele com a introdução de alegorias à senda do novo Aeroporto de Lisboa e à tragédia cíclica do lixo de Nápoles.
A narrativa poliglota não deixa ninguém indiferente, insensível e apeado no deserto do entendimento. Uma solução idiomática única e verdadeiramente genial, fundiu com o mais surpreendente do inesperado, o francês, o português, o inglês, o italiano, o castelhano, o alemão, o russo, até o árabe e o japonês. Cada vocábulo menos perceptível era ajudado pelo gesto ou pela sobre-elevação de raiz latina.
Pela primeira vez, nos 20 anos de integração europeia, sentimos aqui a hipótese de uma Nação Multi-Estados, que não pode ter qualquer construção política ou financeira, sem que primeiro a Cultura o defina. O exemplo e a proposta foram deixados aqui, para quem, sem esforço, o quis perceber.
Sob o Pórtico da Alcáçova, todo o Elenco da Peça da Academie Internationale Des Arts Du Espectacle, dispunha-se em 2 filas construindo um corredor humano, que cumprimentou um a um, cada elemento do público, de regresso aos seus secretos universos.
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