Teatro de Montemuro
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Iniciou-se na passada quinta-feira dia 21, o Festival de Teatro de Máscaras e Comediantes de Lisboa. O seu enquadramento nos cenários muçulmanos e medievais do Castelo de S. Jorge, não podia ser o mais adequado e perfeito. Dirigido pelo Actor Filipe Crawford, este festival abre os seus espectáculos com uma Peça que arrebatou público e encheu de ar, os pulmões da organização.
Uma comunidade rural roçando ambiências de um medieval tardio, que em Portugal persiste até à chegada dos Cravos de Abril, sem rumo nas margens de um rio, sente que se perdeu regateando entre ela, a posse da cada margem num lamento profundo, dado que este rio deixou de saber e poder comportar a vida dos próprios peixes. Uma imponente aula de ecologia, acertou como um arpão de Deus na culpa do progresso urbano e capitalista, que decreta de passo em passo e de manha em manha, o declínio da vida na Terra.
Em contornos de Ópera Popular, numa narrativa conduzida ao rigor dos acordes e compassos musicais que sonorizam a Peça em cima do palco, "Splash" desafia e interpela o público, que depressa percebe que é o sujeito alvo de todas as intenções e este não pode furtar-se ao auto-reconhecimento de subscritor do drama universal que nos ameaça o próprio destino.
Por fim, aplaudida até à exaustão entre as lágrimas que são as últimas gotas de água daquele rio, reconforta-nos o facto de mestria e genialidade, que tudo isto, foi dito a rir e a brincar. Estes medievais tardios afinal são criaturas evoluídas e o teatro deu aqui exemplo raro, de cumprir a sua missão mais nobre e civilizacional. Assim, deveria percorrer Portugal inteiro com uma acrescida vénia das altas instituições das artes e da cultura.
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